Cresci ao som de música popular brasileira. Vinícius, Tom Jobim, Toquinho, Chico, Caetano, Elis, Miúcha, Maria Creuza (Ouçam, ouçam! Eu recomendo! Que voz fabulosa! E quase ninguém mais se lembra dela!) eram todos muito íntimos (dos ouvidos) da minha mãe e, por proximidade, meus também. Lembro-me de um poema meio musicado do Vinícius. Adoro Vinícius pela vida que teve, pelas músicas, pelo charme. Gosto muito das canções que vêm precedidas por poemas, quando ele é quem os declama (não gosto dessa palavra. Parece coisa cafona. Mas até declamar, para o Vinícius, é chique, gostoso e sexy de um jeito que só se podia ser nos anos 70, de preferência em Ipanema e em manhã de sol).
De todo modo, pela música "O dia da criação", que tem um poeminha no começo, a parte instrumental e uma repetição divertida e ao mesmo tempo quase irritante da frase que dá título a esta postagem, sempre gostei de sábados. A música é linda, tem um violoncelo fabuloso ao fundo, um pianinho jazzístico e eu já quase a havia esquecido. Só me lembrava do "porque hoje é sábado" repetido-tido-tido-tido-do-do-do.
E porque hoje é sábado, teve festa. Aqui em casa, os sábados são festivos e têm aquele ar de expectativa e felicidade que parece que vai ficar ainda mais intensa dali a dois minutos. É dia de receber amigos, de ter casa perfumada por coisas gostosas, do meu vai e vem frenético, na cozinha, da Anne me seguindo para lá e para cá e do Frank deitado na passagem para a sala com uma cara de quem já se cansou por nós duas. A cada sábado, a mesma turma - que eu chamo de petit comité - e comidinhas diferentes. Por eles e por minha alegria, o sábado é o meu dia da criação. Crio na cozinha - copio também, porque sou humana -, crio clima gostoso e aconchegante para os meus convidados, crio expectativas porque sei que sempre vai ser divertido.
Vim então compartilhar com vocês o nosso lanchinho da tarde de hoje. São sempre lanchinhos substanciosos ou jantares que temos aos sábados. Experimentei três coisinhas diferentes e que fizeram sucesso. Uma torta de frango recheada também com milho, ervilha fresca e champignon, cuja foto enfeita o alto deste post (pensei em colocar a receita aqui, mas acho que vocês, meninas, interessam-se mais por crafts do que por culinária, não?) que adorei decorar (sobrou massa, então, fiz mais uma travessa, com direito a tentativa de treliça); um pãozinho rústico de ervas finas e grãos (usei linhaça e trigo) e um bolo caipira de milho com cobertura de goiabada, com receita tirada daqui (achei vinho do Porto com goiabada uma mistura sensacional. Lembra-me o Chico com o "Fado Tropical", também com poeminha declamado com um sotaquezinho sexy, bestial. Ui! Ai! Ui! *abana, abana, abana*). Ah, e goiabada cascão em vez da comunzinha.
Resultado? Nosso dia de recarregar baterias funcionou de novo. Mais um sábado festivo só por ser sábado, amigos enfastiados de tanto comer, comer, comer; muito riso; muita conversa jogada fora e uma vontade gostosa de que de novo volte a ser sábado. Tudo isso além da certeza como canta a Maria Creuza no link ali de cima, em uma música do Vinícius e do Toquinho, de que (por mais lugar-comum que a frase tenha se tornado): "...a coisa mais divina que há no mundo é viver cada segundo como nunca mais". Tudo isso até o próximo sábado.
Editando:
Como teve gente que pediu, aí vão arquivos com as duas receitas que faltavam:
torta de frango:
pão de ervas com grãos:
E só para facilitar porque (eu escrevo poooouco e) no meio disso tudo fica difícil encontrar o link para a receita do bolo, o bolo caipira de milho com cobertura de goiabada foi tirado daqui.
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